Renault e Nissan reduzem participação cruzada e reconfiguram os termos da aliança
- Redação | Automotive S/A
- 31 de mar.
- 2 min de leitura
Novo acordo estabelece limite de 10% entre as partes, substituindo a obrigação anterior de manter 15%

O Renault Group e a Nissan anunciaram nesta segunda-feira (31) uma série de mudanças estruturais que alteram significativamente os termos da aliança formada pelas duas montadoras desde 1999. O principal ponto do novo acordo é a flexibilização da participação cruzada entre os grupos: a partir de agora, cada empresa poderá reduzir sua fatia acionária na outra para até 10%, abaixo dos 15% obrigatórios previstos anteriormente.
A medida visa dar maior autonomia estratégica às empresas, permitindo que cada uma ajuste sua exposição conforme o contexto de mercado. As ações continuarão sujeitas a um processo coordenado entre as partes, incluindo direito de preferência. Os limites de direitos de voto permanecem inalterados e seguem limitados a, no máximo, 15%.
Paralelamente, a Nissan foi dispensada de investir na Ampere, divisão da Renault dedicada a veículos elétricos na Europa. O acordo firmado em julho de 2023 será encerrado, sem impacto nos projetos de produto já em andamento. A Nissan, no entanto, seguirá ligada pontualmente à Ampere, ao encomendar um veículo derivado do Twingo para o mercado europeu, com lançamento previsto para 2026.
O anúncio também inclui uma reorganização das operações na Índia. O Renault Group vai adquirir os 51% restantes da fábrica Renault Nissan Automotive India Private Ltd (RNAIPL), atualmente em sociedade com a Nissan. Com a transação, a planta de Chennai passará a ser 100% controlada pela Renault e totalmente consolidada nos resultados financeiros do grupo francês.
A fábrica tem capacidade para mais de 400 mil unidades por ano e atualmente produz modelos baseados nas plataformas CMF-A e CMF-A+. A partir de 2026, será o centro de produção da nova plataforma CMF-B, com quatro novos modelos já planejados. A Renault estima impacto de aproximadamente 200 milhões de euros no fluxo de caixa livre em 2025 por conta da operação, mas mantém suas projeções financeiras para o ano.
A Nissan seguirá presente no mercado indiano com foco em vendas, serviços e exportação. Por meio de um acordo operacional, continuará utilizando a estrutura da RNAIPL para fabricar modelos como o novo Magnite. A parceria será mantida também no centro de engenharia Renault Nissan Technology & Business Center India (RNTBCI), com a divisão societária atual: 51% Renault e 49% Nissan.
A Renault vê a operação como estratégica dentro de seu plano “International Game Plan 2027”, que prevê expansão em mercados emergentes com ecossistemas industriais locais. Já a Nissan reforça sua prioridade em acelerar medidas de recuperação e reposicionamento, com foco na eficiência operacional.
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